sábado, 25 de agosto de 2012

Sobre Direitos Humanos, hippies de boutique e o necessário resgate da força transgressora...

Faz algum tempo que o discurso dos Direitos Humanos foi sequestrado a partir do congelamento dogmático de sua fundamentação. Confirmando uma percepção dura e equivocada da assertiva de que o problema de nosso tempo em relação aos DH não envolve sua fundamentação, mas sim o estabelecimento de mecanismos para protegê-los (Norberto Bobbio), a teoria liberal estatalista é colocada definitivamente, em local seguro.
Com uma marca universalista e abstrata, que restringe a luta pela dignidade humana aos cenários judiciais nacionais e internacionais, retirando o conteúdo político-popular, histórico e impuro dos DH, os mesmos acabam afastados dos espaços nos quais efetivamente podem realizar-se: contexto dos movimentos sociais que podem articular e desarticular tramas libertárias e dignificantes que conduzem as pessoas concretas aos bens que satisfazem suas complexas necessidades.
Assim, os Direitos Humanos foram entregues aos cuidados de colunistas triunfalistas, diplomatas entediados e abastados juristas internacionais em Nova York e Genebra, gente cuja a experiência com violações dos direitos humanos está confinada a que lhe seja servido vinho de uma péssima safra. No frigir dos ovos, os direitos humanos foram transformados de um discurso de rebeldia e divergência em um discurso de legitimidade do Estado. (Costas Douzinas)
Neste contexto, pode-se acrescentar que ganha relevo uma espécie de militância cool, soft, com compromisso que é basicamente performático com os DH.  Um coletivo que combina uma postura yuppie com uma estética hippie (hippies de boutique) dispostos a fazer qualquer viagem em torno do mundo para contribuir na luta pelas necessidades humanas (turismo revolucionário).
Tal cena tem a dramaticidade potencializada em face do papel jogado pelo centros de produção do saber (universidades, instituições de ensino em geral) e seu atores investigadores, professores... mas essa reflexão torna o texto exageradamente grande para um post...

Nenhum comentário:

Postar um comentário